Cresci no Paraná, numa cidade do interior em que é possivel ainda observar as pequenas mudanças que as estações trazem. A primavera é muito discreta sempre, parecia até que não existia mais. Quando me mudei prá Vitória descobri que Londrina ainda tinha sim muito da primavera, porque em minha nova cidade as estações se resumem ao alto verão e ao verão ameno, porém sempre verão.
Agora de manhã saí aqui em Roma prá locar filmes na biblioteca, na volta não tive paciencia de esperar ônibus, caminhei lentamente pelas ruas até encontrar um pequeno lugar que vendia bananas a 1 euro o quilo e maças a 1 euro e 50 centavos o quilo, decidi comprar frutas, as bananas estavam bonitas e bem amarelas, não tinham aquela cor artificial das primeiras bananas que encontrei aqui logo que cheguei, essas sim pareciam bananas mesmo.
Sai do pequeno mercado lentamente como que deixando o vento me levar, levantei os olhos e abri os pulmões para respirar a primavera que enfim começa aqui na Itália, o cenário foi tão encantador que não consegui conter as expressões de contentamento, o balanço suave do vento, criando redemoinhos no ar faziam levantar do chão e dos jardins uma suave camada de pólen e pequenas e flutuantes plumas das flores. Olhei encantada para todos os lados e logo me vi caminhando, quase correndo atrás daqueles pequenos brinquedos que voavam pelo ar, me senti uma criança descobrindo como se faz prá brincar com a natureza, como ela ensina sobre os ciclos da vida, como ela me diz agora que enfim é hora de guardar os casacos, abrir as janelas, trocar o ar dos pulmões, da casa e enfim passear encantada com a paisagem nova, porém sempre presente, que ora se apresenta.
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