terça-feira, 31 de março de 2009

Fernando e Morandi


Iniciei o curso de arte visuais na UEL, em Londrina, meio sem saber como e porquê. Foi quase por acaso que caí nesse curso, aliás, ele foi indicação de uma irmã minha que me seduziu com a seguinte frase: "eu tenho uma amiga que faz artes na UEL, ela me disse que é super legal, esse semestre ela aprendeu a fazer uma maquininha de fotografia com uma lata".
Algum tempo depois eu também estava fazendo a minha "pinhole" com latinha de chocolate em pó. Não sabia os rumos que o curso me daria e me deixei levar por ele. Terminei o curso de artes e com o fim do curso uma novo caminho se abriu, acho que o melhor caminho que eu poderia construir e investir... Conheci o "Fefê" (como gosto de chamá-lo). A arte me aproximou dele, o interesse em alguns aspctos da vida também, ele foi meu presente, é meu presente.
A ele dedico essa postagem de hoje. Querido, ao me deparar com Morandi no museu do Vaticano, entendi um pouco mais sobre a simplicidade, sobre o cotidiano e sobretudo, sobre o esforço entusiastico que fazemos todos os dias, todas as horas, para dar sentido à nossa vida, à nossa história, ás nossas ações. Olhei Morandi ali naquela pinturinha pequenina, já amarelada pelo tempo, que apresenta umas garrafinhas e jarrinhas ora justapostas, ora sobrepostas e... me lembrei de você, fiquei ali em silêncio enquanto passavam dezenas de pessoas rapidamente em direção à capela sistina.
Dirigi um olhar atento à pintura e a mente fixa na "intensidade da simplicidade" ali posta, exatamente como você é.
Meu bem, essa pintura é prá você tá?!

segunda-feira, 30 de março de 2009

Um cotidiano desconhecido


Minha primeira imagem que veio à cabeça quando entrei no museu foi a do meu querido Fefe, pensei que seria muito bom fazer essa visita com ele, de como ele me descreveu o museu, e as escolhas que deviamos fazer ao entrar... porque são tantas salas e tantas obras, que não é possivel ver tudo num único dia.
Eu tinha apenas algumas horas, pois o museu fecharia às 13h30, então, seguindo os conselhos do Fefe fiz a escolha: Capela Sistina.
Acredito que não poderia fazer outra escolha, o fluxo das pessoas levavam todos para a mesma direção: a capela.
Mas consegui, mesmo que rapidamente, fazer as minhas escolhas. Na primeira sala que entrei, o Museu Egípcio, fiquei encantada com o número de peças que contém o acervo que vai de papiros a múmias. É realmente incrível.... parei para fazer algumas fotos e admirar aquela beleza mística que caminha entre a estética e o cotidiano daqueles povos.

domingo, 29 de março de 2009

A fila do museu


Todo último domingo do mês, a entrada no museu do vaticano é gratuita. Esperava muita gente, e espera chegar cedo também... O que eu não sabia é que o meu conceito de " muito" não chega aos pés do que vi hoje, e também não sabia que hoje entraria em vigor o horário de verão aqui em Roma, ou seja, sai de casa às 8 achando que eram 7.
Desci na estação Otaviano e caminhei um pouco até encontrar o muro que eu deveria margerar até a entrada do Museu.
Prá minha surpresa a fila já estava me encontrando quando me aproximei do muro, havia tanta gente que calculei umas mil pessoas na minha frente, considerando que encontrei a fila (ou ela me encontrou, não sei) duas esquinas antes da tal entrada.
Do que imaginei do encontro sublime com as obras históricas do museu, virou piada e comecei a rir sozinha da situação, a fila rapidamante cresceu atrás de mim dobrando de tamanho. Meu humor foi embora rapidinho quando começou a chover, e eu, claro, não tinha levado sombrinha.
Botei o capuz da jaqueta e me enfiei na fila (que tinha quase um metro de largura) para me proteger da chuva. Quando a chuva foi embora meu mau humor não passou, já estava cansada, com dor nas costas... pensando em desistir, mas enfim vi a última esquina que deveria fazer prá entrar no meuseu.
A alegria durou pouco, mais adiante vi que a fila ia longe, na mesma calçada, passava pela entrada do museu e lá na outra esquina voltava, mas não voltava em linha reta como vinha sendo... voltava em zig zag...
Mas resisti, fiquei até o fim. Duas horas de fila rápida, era minha estimativa para entrar no museu. Não deu outra, cheguei na fila mais ou menos às 9 da manhã e estava prestes a entrar às 10h45.
Mas enfim, entrei!

Horário de verão em Roma

Começou hoje o horário de verão em Roma, achei que estivesse saindo de casa cedo prá visitar o Museu do Vaticano... Agora entendo porque demorei tanto prá chegar lá...

sábado, 28 de março de 2009

Caravaggio II



Ainda em busca de pinturas de Caravaggio fui prá Piazza del Popolo, visitar a Igreja S. Maria del Popolo, lá 2 obras estariam expostas.
Cheguei na praça bonita e movimentada, me sentei um pouco à sombra e descansei, comi uma maça e tomei a direção da Igreja.
Nesta sim pude ver as obras, "A conversão de Saulo" e a "Crucificação de Pedro" as duas de 1601.

Caravaggio I

Tomei meu caderno de notas na mão e procurei as dicas que Dona Serena havia me dado sobre as pinturas de caravaggio nas Igrejas, onde não se paga nada para admirá-las..
Escolhia a Igreja de San Luigi dei Francese, que fica bem no centro, foi difícil encontrá-la, pois havia procurado na internet a fachada da Igreja afim de reconhecê-la logo, mas... toda a fachada está em processo de restauro o que dificultou a identificação, afinal eu procuro pela rua sim, mas também pela imagem, bem... enfim cheguei na Igreja, na porta um cartaz: abre à 16h.
Já estava próximo desse horário, decidi esperar, ao se aproximar das 16h vi um carro muito grande se aproximar com muita gente acompanhando... fiquei olhando e entraram na igreja,tiraram do carro um caixão, haveria missa de corpo presente, não me lembro quando foi a ultima vez que vi isso, na verdade não me lembro de ter vivido tal situação na minha vida.
O fato é que, todas as áreas para turistas foram interditadas e quem se dispos a esperar o fim da missa, que aliás era rezada em frances, teve que ter paciencia e ficar fora da Igreja.
Esperei, ora entro da igreja, ora fora. Quando finalmente pude entrar, fui no fluxo daqueles que também esperavam, pois sabia que tambem iriam visitar as obras de Caravaggio... me coloquei de frente com as obras, eram 3.... em processo de restauro também, ou seja, cobertas e cheias de cordões de isolamento.
Resultado, nada de obras por enquanto... fui em busca da outra Igreja que também tem obras de Caravaggio.

Atelier



No ateolier.Ha um bom tempo não pinto assim. A noite adiantou eu nem vi. Definia os quadro para participar da exposição na Galeria Matias dentro de trinta dias. De repente um desenho apliquei cores em um desenho inacabado da série Aparelhos. A ídeia era uma criação gráfica com elementos geométricos e informais, como se criasse um corpo entre orgânico e máquina. decidi aplicar cores, porque o desenho tinha uma certa força mas estava meio rebuscado, para minha alegria, pouco tempo depois das primeiras pinceladas, aquela s convulsão de pontos e de linhas ganhou um sentido que me pegou. Configurou-se algo como um estômago, formas orgânicas em profusão, lembrando orgãos internos, vísceras. Pareceu-me uma pintura intensa. Era algo assim que eu queria fazer, algo agitado, convulsivo, mas ao mesmo tempo claro, com linhas e formas definidas na estrutura. O resultado me entusiasmou, por isso peguei mais duas telas inacabadas, mas com desenhos da mesma aatmosfera da série aparelho e fui desenhando à carvão , refazendo algumas formas e aplicando cores levas depois as batidas com o pincel molhado continuei a pintura. Estava entuaisamamdo para pintar, levei assim essses tres trabalhos a frente. O resultado pareceu-me bom, embora bastante diferente do que venho fazendo atualmente. Imediatamente lembrou me dois artistas que gosto muito desde o tempo de universidade: De Konning e Arshile Gorky, logo o diferente ali se ligava a tuda que venho buscando desde meus primeiros estudos de arte. Trabalhei até cerca das 22:00h e então vim para casa, de bicicleta.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Circo Massimo



Sabe aqueles dias que o "Exu tranca tese" não te deixa trabalhar? Pois é, foi assim ontem...
De manhã pude fazer mil coisas, estava animada e estudei bastante. Mas à tarde... a coisa mudou, fiquei sem animo o que fazia era ler e reler os mesmos parágrafos.. a coisa não estava rendendo.
Decidi abrir meu guia turistico e escolhi um lugar fácil de chegar, o "CircoMassimo".
Pelo nome, imaginei que iria encontrar uma arena árida e cheia de sombras feitas pelos prédios vizinhos, a surpresa foi tanta que falava sozinha! Iniciei meu passeio pela parte onde as pessoas fazem suas caminhadas, andam de bicicleta, jogam bola, passeiam com os cães e se deitam para descansar e tomar sol.
Num dos lados desse imenso gramado, observa-se as ruinas ali... silenciosas... admirando a alegria das pessoas enquanto passeiam e se divertem.
pensei: " como será que é jogar bola à sombra de séculos de história?"
Depois a surpresa continuou, caminhei margenado um muro que (teoricamente) devia proteger as ruínas, queria encontrar a entrada, devia haver uma entrada, de repente o muro virou uma grade e pude começar a ver atraves dela... que maravilha! paisagens que jamais imaginei ver, ruinas e mais ruinas... caminhei, caminhei e não me cansei de caminhar... quando cheguei num ponto onde as belezas já eram bem escassas e onde podia pegar um ônibus para seguir a outro lugar ou voltar para casa, decidi refazer o percurso... caminhei tudo de volta e as belezas se mostraram ainda mais belas e impactantes.
Na volta parei pra ler uma placa que algumas pessoas liam, dizia: "aqui foi o cárcere dos apostolos de Jesus - Pedro e Paulo", entrei, mas essa é outra história...

quarta-feira, 25 de março de 2009

livros e filmes


Uma das vantagens de se estar na Europa é poder caminhar poucos minutos e encontrar uma biblioteca. A biblioteca municipal do meu bairro também não tem sala de leitura, mas em contrapartida tem um acervo maravilhoso de filmes italianos e estrangeiros.
Fiz minha carteirinha e imediatamente iniciei o uso dela, loquei os filmes: C'eravamo tanto amati" um filme de Ettore Scola e, outro "Come in uno specchio" que em 1961 recebeu oscar de melhor filme estrangeiro.

ato sensorial III


Hoje, hora do almoço.
Alice, a colega que não mora mais aqui, me disse antes de ir embora que havia deixado algumas coisas prá mim na geladeira e hoje abro minha parte do armário, procuro o que quero comer e encontro assim desavisadamente um ramo verde aparecendo lá por tráz do pacote de pão, estranhei... olhei com mais cuidado, aproximei e apurei o olhar.
Era uma cebola, que Alice havia deixado ou esquecido no armário, a cebola já estava brotando, linda viçosa, verde. Aquele inicio de vida vegetal ficou ali escondidinho dentro do armário até que fosse possível avistá-lo de longe.
Uma surpresa linda, aliás, uma surpresa que a visualidade me permitiu, mas que a estética me fez fruir.

Chuva

A cidade está fresca, tomou banho de chuva. Os morros, as ruas foram molhadas sem avisar, nem tiveram tempo de se vestir, ou tirar a roupa, sei lá, achuva chegou sem avisar, ou avisou e ninguem souber ler. Primeiro o céu ficou cinzento, azul plúmbeo e parecia que alguma coisa ía acontecer, parecia que a noite estava chegando antes da hora, mas não era chuva. Olho a água que cai aqui em Vitória e penso que é a mesma água que caí que cai aí em Roma. Forma-se aqui as mesmas poças dágua no asfalto e as pessoas passam com guarda chuva.Pego ônibus, Vila Velha vitória e fotográfo através do parabrisa. O trânsito fica intenso, mas achuva é sempre algo bonito de se ver. Chego a nossa rua e ela está meio alagada. Sento na lan hause da esquina e lhe escrevo, pois meu computador ainda está com problemas, meu HD foi todo apagado, imaginam, havia centenas de arquivos. Fiquei tão desolado que não souber ficar triste, mas estou buscando solução. Indicaram-me um sujeito que recupera tudo, ressussita até defuntos s virtuais, fui la (em Vila Velha), e ele me prometiu trazer meus arquivos à vida amanhã.
Vou para casa, a chuva ainda dá um banho na cidade. É bonito ver uma cidade se banhar,
caminhando com calma sem se importar de molhar. Vamos tomar banho de chuva?

terça-feira, 24 de março de 2009

GRÃO DE POEIRA

Encontrei algumas anotações em algumas folhas soltas, perdiadas entre meus papeis.
Parecia um desenho com letras.
Colei esta folha em uma outra folha maior e li o que estava escrito:
Olho o mundo, aliás, um pedaço do mundo,
da minha janela.
O mundo é grande demais para visto por uma pessoa.
Fernando não pode mundar o mundo.
Face a ele sou um ponto perdido em algum lugar sem nome,
um ponto ínfimo, um grão de poeira.
O que é minha revolução diante do mundo?
Um grão de poeira.
Leio sobre as estrelas.
Não há nada escrito sobre um grão de poeira.
Começo a pensar que um grão de poeira
é mais livre do que uma estrela.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Jesus de Nazaré



A cidade de Vitoria é cheia de morros. Verdadeiros mirantes de pedras
cercados que casebres e perigos. Quem quer ir até lá com uma camara na mão tem que celebrar um contrato com alguem de lá. Por acaso conheci um rapaz, também de nome Fernando que se dispôs me guiar no morro Jesus de Nazaré para uma caminhada fotográfica. Ele disse: "Vamos marcar um dia, a gente se encontra lá, aí voce poderá fotografar com segurança, ninguém vai mexer com voce". O dia chegou, ele estava organizando uma batucada com um grupo de garotos e queria que eu os fotografasse. Topei. Convidei a pessoa que ia me dar carona para o seminário da Vale, ela aceitou, assim nos desviamos do caminho, O carro subiu até metade do morro, o restantes era feito de ruas e escadas estreitas e zigzagueantes para ser vencidas a pé. Caminhamos e vimos um mundo novo, uma armadilha, uma vista da cidade que a gente não consegue compreender... de um a altura, a beleza; Do outro a vida dura, o crime a pobreza. De lá vimos o bairro onde moramos, outros morros e a cidade num giro de 360 graus. O meu amigo Fernando nos contou histórias diversas, algumas terriveis, outras engraçadas. A cidade se estende lá embaixo como miniatura. O show de batucada da garotada, completou o passeio, samba, funk, energia. Conheci músicos e pescadores, fotografei e sai de lá com o convite para qualquer horas dessas fazermos um passeio de barco pela baia de Vitória, vem comigo? Sabe, valeu a pena.

domingo, 22 de março de 2009

primavera



Iniciou-se a primavera, porém o frio do inverno não foi embora ainda...
Caminhando pelas ruas de Roma encontrei essa paisagem... Uma casa com sua fachada tomada de ramos secos à espera da mudança de clima para que se floreçam os botões e as flores.
Essa paisagem lembra-me o conto de rapunzel, aquela que joga os cabelos em forma de tranças pela janela para que seu amado possa subir até ela. Aqui não vejo tranças, mas cabelos soltos que quase tocam o chão e que no seu vai-e-vem saúdam aqueles passantes desavisados com um carinho leve.
Na continuação da mesma caminhada, uma outra casa, que, possivelmente pega mais sol, vejo um belo ramos de flores amarelas subindo pela entrada principal da casa... parece que se dobrarmos mais uma esquina encontraremos a primavera chegando de mansinho.

Maratona


Seguindo as programações do ano do centenário da vanguarda artstica Futurista, sai de casa para assisitr um filme sobre a vida e obra de alguns futurista italianos, Marinetti, Balla e etc. Cheguei á estação termini e perguntei no serviço de informações qual era o ônibus que devia pegar para chegar em meu destino.
A atendente me respondeu que hoje a linha que eu deveria pegar não faria nenhum percurso, e, se eu quisesse mesmo chegar até lá que devesse caminhar.
"A piede" pensei eu... saquei meu mapa da cidade e procurei saber se era muito longe, eu tinha tempo poderia caminhar bastante... Percebi que poderia fazer o percurso sem muito esforço, desci a via cavour, pretendia segui-la até o seu fim e pegar a via Fori imperiali, mas na metade da via cavour o transito estava impedido e percebi uma multidão de pessoas caminhando, alguns (poucos) correndo, crianças, idosos, senhoras com casacos de pele, bicicletas, carrinhos de bebe levados pelos pais e até patins. Parei e comecei a olhar o movimento, fiquei com vergonha de perguntar a alguém o que estava acontecendo, então me detive a observar...
Se tratava da 15 maratona de Roma, uma possível "são Silvestre", acompanhei aquela maratona diferente em meio aos maratonistas todos de camisetas, bonés e ficha de inscrição pendurada nas costas, junto de mim haviam outros curiosos e só então entendi o por quê de não haver ônibus circulando alí pelo centro histórico.
Todas as ruas estavam fechadas para garantir a segurança no percurso dos maratonistas, seguramente aqueles que foram prá correr mesmo já deviam estar longe, ali´s deviam ter saido na frente, como acontece na são Silvestre... os outros, bem... vão passear e aproveitar o dia de sol fora de casa.
Num dado momento meu caminho se separou do deles e continuei minha busca pela sala de projeção do filme.
Quando o encontrei ainda era cedo para o inicio e comecei um bom papo com uma jovem senhora que também estava lá prá assistir a palestra, ela foi muito gentil e me deu uma lista de endereços para visitar obrs de arte (pinturas e afrescos) de Caravaggio que ficam dentro das Igrejas e quase ninguém visita, porque não conhece.
Escutei atentamente cada explicação dela e depois tomei nota de tudo.
Quero fazer esses percursos indicados pela sra. Serena, que, como o nome já diz, é uma pessoa muito tranquila e serena, tão serena que me deu seu telefone e me pediu que ligasse prá ela quaquer dia desses.

sábado, 21 de março de 2009


Hoje é sábado, e diferente dos outros sábados que passei aqui, não fui ao costumeiro correio, mas fui conhecer a Biblioteca Nacional.
Ao sair da estação de metrô Castro Pretório, tive, de inicio uma decepção... a biblioteca nacional fica num prédio modernista (eu esperava algo mais antigo), horizontalizado (eu esperava um palácio verticalizado) e com acervo praticamente todo digitalizado (eu espereva, claro, muita poeira e muitas estantes até o teto cheias de livros!).
Pois é, nada do que esperava encontrar encontrei, mas entrei e senti que talvez tivesse encontrado um bom lugar para se estar. O ambiente é amplo e arejado, mantem uma temperatura bastante agradável e dispõe de inumeras salas confortáveis para a leitura.
A unica coisa que, talvez tenha faltado, foi a criação de uma sala somente de leitura onde pudessemos carregar nossos próprios livros e le-los à vontade nesta sala.
De qualquer modo, fiz minha carteirinha e prometi a mim mesma voltar lá semana que vem.
Já de posse da carteirinha, fui até uma estante de literatura italiana e escolhi, aleatóriamente, um livro, sentei-me e comecei a leitura.... ao meu lado sentou-se um rapaz com um livro de Camus nas mãos, ele lia e ria sozinho, fiquei com vontade de saber que título o jovem rapaz escolhera para ler, porém logo ele se levantou e saiu, deixando o lugar vago e a minha curiosidade para tráz.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Ler: que ação é essa?


E os desafios vão se impondo... Todos os dias acontece um tanto de coisas que merecem registro, mas hoje falarei apenas daquilo que me trouxe prá cá, o estudo.
Meus contatos com a professora Pezzini, como assim prefere ser chamada, começam a tomar ritmo e com ele mais situações de desembaraço na lingua italiana tenho que ter. Ler um livro dado às questões de ordem ora filosóficas, ora antropológicas em portugues exige um pouco de atenção do leitor, imagine esses mesmos assuntos em lingua estrangeira... pois é.
Olha só o trabalhão que dá ler e atribuir sentido a um texto em italiano, lingua que parece tão próxima do português, mas que carrega em si suas particularidades e exigencias para o bom fruir da leitura.
Assim tenho passado os dias, "decifrando" os códigos que, para além da minha janela, são tão usuais e fáceis, mas aqui dentro deste quarto são como uma luta entre o significante e o significado.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Dia incomum

Em busca de aprimorar a lingua italiana, procurei no google.it algum curso de italiano para estrangeiros. Encontrei um oferecido pela Cáritas( instituição de assistencia social ligado à igreja católica). Estive lá semana passada e me pediram que voltasse nesta quinta-feira.
Cheguei cedo, por volta das 9h, havia muita gente e procurei me encontrar na bagunça que se apresentava alí.
Uma jovem senhora que também esperava atendimento me disse que eu precisava fazer uma inscrição para ser atendida, então fui à sala vizinha e fiz meu pedido de atendimento.
Voltei à primeira sala e me sentei a espera do teste de nivelamento para o inicio das aulas. Uma senhora me chamou e começamos a conversar, ela me disse que tenho um nivel de italiano alto para os estudos que a caritas oferecia, e me disse que esperasse mais para ver se haveria uma possibilidade de iniciar um curso de conversação.
Voltei para a sala de espera e notei que ao aproximar-se das 10hs a sala começou a ser ocupada por muitas pessoas, a maioria negros.
Ao meu ladosentou-se um rapaz de aspecto oriental, magro e bastante desenvolto no italiano; puxou assunto... começamos a conversar e perguntei a ele de onde era, ele com um semblante desapontado, me respondeu que era do Afeganistão e explicou em seguida que seu país estava em guerra a muitos anos, e que não era possivel viver lá, explicou também que já faz 5 anos que ele deixou o país, morou no irã, egito e tantos outros lugares. Ele era um refugiado de guerra.
Só então comecei a entender o real serviço da cáritas em Roma, sua principal demanda eram os refugiados.
Os atendimentos começaram e os mais diversos idiomas começaram a surgir. Pessoas da Ngéria e Marrocos faziam a maioria do publico ali prsente, mas havia também uma pessoa do México e eu, brasileira.
Nessa altura, já sabia que a cáritas nada poderia me oferecer, mas quiz ficar até o final e ver comoaquela confusão de idiomas e interesses se resolveria ao fim do meio dia.
Estavamos em mais ou menos 50 pessoas e eu me sintia a "massai branca", fiquei na minha, ora lendo, ora escrevendo e a sala começou a se esvaziar, só estavamos eu e mais duas pessoas ali esperando... um senhor me chamou prá entrar e me perguntou seeu precisava de alojamento, respondi que não, apenas queria estudar italiano, ele me fez sentar numa outra sala e disse que esperasse mais um pouco..
A espera valeu, não pelo que a Cáritas pode fazer por mim, pois eu estava certa, ali haviam pessoas que muito mais do que careciam de ajuda, mas, pela pessoa que me atendeu. Era uma senhora, muito magra cujos dentes saltavam da boca numa fala regada a sorrisos. Ela me acolheu com a frase "que belo acento em sua pronuncia" não sei se ela se referia ao meu acento brasileiro ou se eu pronunciei bem as palavras, mas isso não interessa.
A senhora olhou-me longamente e disse que se eu precisasse realmente de ajuda era possível consguir um auxilio financeiro e também alojamento, expliquei a ela que estava ali por outros motivos ( o estudo) e ela logo sacou de sua gaveta uma lista imensa de escolas de italiano para estrangeiros e me fez ver com ela quais eram mais proximas de minha casa, depois, ainda não stisfeita, sacou outra lista, de comunidade brasileiras que vivem em Roma e que fazem feijoada todas as quintas e sextas-feiras.
Ao final arriscou algumas palavras em portugues e me fez rir um pouco com as histórias de brasileiros que ela conhece.
Foi um dia incomum, é verdade...

quarta-feira, 18 de março de 2009

Dia de sol


Bom dia de sol. Abro as janelas e vejo o céu azul e sou tomada de uma vontade de caminhar um pouco e sentir o sol no corpo sobre as camadas de roupas que ainda se fazem necessárias.
Em Vitória o sol já deve estar alto e forte, uma caminhada pelas ruas de lá certamente fazem qualquer um procurar uma sombra ou um ambiente com ar condicionado, de repente sinto saudades do calor e do suor que nasce dos poros daqueles que se aventuram a caminhar por lá.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Quarto


Hoje, finalmente tenho um quarto. A autonomia de poder escolher o horário prá acender luzes ou apagá-las pode ser muito simples quando estamos em casa. A privacidade pode ser invadida sem problemas por aqueles que permitimos tal liberdade diante de anos de convivência.
Mas quando se está num lugar diferente e com pessoas que mal conhece fica mais dificil manter a autonomia e a privacidade.
Lavar as calcinhas e pendurá-las à vontade pelo quarto foi um privilégio conquistado hoje. Usufruir dessas cotidianeidades faz o quarto já começar a ganhar a minha cara.
Esparramo meus pertences e encontro os lugares mais apropriados para as coisas.
Começo agora a imaginar que será muito produtivo ficar sozinha e estudar um pouco mais.

Domingo II

Depois de assistir a uma das inumeras palestra inflamadas sobre Futurismo que Roma está promovendo em decorrencia do centenário da vanguarda artistica, fui passear pelo café/livraria que o centro cultural oferecia.
Nele estava exposta uma coleção de fotografia da National Geografic, percorri os corredores sem pressa e me detive em diversas fotos. Tratava-se de uma exposição de situações e/ou pessoas de muitos paises diferentes.
Pensei que não encontraria nada do Brasil, mas não tive pressa nem vontade de procurar alguma foto.
De repente lá estava o retrato que a national Geografic quis mostrar do Brasil: haviam duas fotos: uma de uma queimada na Amazonia em que o primeiro plano era todo tomado por troncos de a´rvores fumegantes da queimada ainda recente, ao fundo, o verde das árvors não destruidas contrastavam com a paisagem enfocada na imagem. A segunda, quase folclórica, apresentava-se um homem de chapéu e botas de borracha, com os pés dentro dágua a segurar uma jibóia já morta; o animal devia ter aproximadamente cinco metros de tal modo que o homem parecia pequeno ao seu lado, considerando o angulo que o fotografo escolheu para realizar o retrato, a jibóia ficou ainda maior.
Bem, com essa apresentação de um Brasil muitas vezes desconhecido pelo próprio brasileiro, muita coisa se explica nos não raros comentários surpresos dos italianos sobre os brasileiros quando descobrem que sou brasileira.

domingo, 15 de março de 2009

DOMINGO SEM VOCE E COM VOCE

A noite está quente, mas chove. Uma chuva daquelas não molha ninguem, pinga aqui e ali e a gente olha e fica mais para dizer que vai chover do que está chovendo.
Leio e releio seu longo e intenso email e a primeira frase que me veio à mente foi: um texto com coração. Logo em seguida vieram outras frases e outras perfazendo um texto, todo ele feito também com coração na imaginação. Sua mensagem, revoltada, indignada, apaixonada é também amorosa. Phillip devota a Mildred um sentimenoto dos mais sublimes que o ser humano possa ter, um sentimento que encerra o primeiro e o último daqueles seis principios budicos que falamos tanto, lembra-se ? e então estará livre, uma liberdade lhe tirará o peso do mundo e então ele amará, o amor que fundo queremos. O livro "Servidão Humana" me acompanha ha mais de vinte anos, emprestei-o a várias pessoas e creio que ninguem o leu sem chorar, sem se revoltar, sem ter este misto de sentimentos: indignação, ciume, compaixão.
Tudo isso nos toca. Tudo isso me vem agora em imagens que eu não guardo, mas que não se apagam. Tudo é justo e injusto e por si mesmo está justifidcado. A noite está quente, parece que vai chover ou já está chovendo nesta hora em que amo você.

sábado, 14 de março de 2009

Termina o dia e a noite não começou

Termina o dia e a noite não começou. Há sempre um espaço entre o que deixou de haver e o que há. A gente não sabe o que a gente ver. Ou descobrimos que não vemos nada, que sobra pouca coisa. Poeira. Temos de lidar com isso. A invisibilidade do essencial.
Volto do seminário da Vale com as falas de Marilá Dardot, Luisa Duarte e Nelson Félix, pessoas que nos entusiasmam e nos faz sentir o que é sedimentar. Trago alguns desenhos, alguma poesia e a missão de construir um caminho. O silencio da casa fala, nele encontro um pouco de voce e a possibilidade acreditar. Boa noite querida.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Quantas linhas?


Na superficie geográfica da cidade de Roma, vemos uma infinidade de monumentos e patrimônios artisticos. Quando descemos às estações de metrô, outra paisagem se mostra... Hoje, numa estação que pouco frequento, desci as escadas e me deparei com este mosaico.
Imediatamente me lembrei do desenho diário que meu querido Fefe faz todas as manhãs... O desenho linha.
Queerido, dedico este "desenho" para você... minhas linhas de hoje em sua homenagem.

Era uma vez uma guerra


Hoje, em busca de um curso de aprimoramento da lingua italiana, me deparei com uma verdadeira muralha, parecia uma muralha de castelo, que abria espaço sob seus arcos para as ruas passarem mas que ali permanecia... impávida.
De longe fiquei olhando para aquele monumento e me perguntando qual seria a motivação para a construção de tal muralha. Ao me aproximar vi que tal construção ao longe se estendia, tando à direita, quanto esquerda...
Comecei a segui-la, sem pretenção de chegar ao seu fim, ou começo, quem sabe...
Cheguei até a explicita motivação de sua construção... Tratava-se de um monumento destinado à memória daqueles que foram mortos em combate durante a II guerra mundial.
Confesso que tomei um choque.... flores, velas e demais placas ficavam ali... encostadas à muralha, na lembrança de que uma guerra não deve ser esquecida, mas principalmente, as pessoas não devem ser esquecidas.

Roupas

Você fala das minhas roupas que ficaram aí por lavar, roupas que usei e deixei com meu cheiro e minha marca. Aqui tenho tantas outras roupas precisando ser lavadas para que seu uso social não se esvazie. As roupas que são além de proteção pro corpo, são também minha forma de apresentação... roupas da mesma espécie das que deixei aí no Brasil.. sujas...
As minhas aqui esperam uma oportunidade para serem lavadas e reiniciar seu ciclo, de sujas e pessoais para limpas e impessoais, como você mesmo diz, "sem as marcas de que estive lá".

O Que ali não mais está,

Voce fala de ruinas romanas, eu falo das roupas que usamos.
Voce vai à Fontana de Trevi, eu recolho roupas para lavar.
Encontro roupas que voce usou Ha poucos dias:
Camisetas calcinhas, soutien, calça jeans, um shorts, uma saia...
Coloco cada peça de roupa na maquina de lavar com sentimento
De que cada uma delas guardou seu corpo.
Há um pouco de sua pele em cada uma dessas peças.
Lavo-as com carinho e cuidado como se lhe desse banho,
Como se tomasse banho com você.
Depois coloco-as no varal
O cheiro de limpeza as esvazia do que elas tinha de oleoso,

do que elas tinham de gostoso quando se sente saudade.
Eu lamento não ter deixado uma peça por lavar
Para sentir ali algo do seu cheiro, da sua pele, da sua marca.
Mas guardo em meu coração o que ali não mais está,
Seu corpo, cada parte que essas peças de roupa cobriu,

seu cheiro, sua pele macia gostosa de abraçar e de pensar..

quinta-feira, 12 de março de 2009

Um dia com Hellen



Hoje foi um dia diferente de todos que tenho vivido aqui. Foi o primeiro que encontrei uma amiga brasileira e que pude dividir um almoço descontraido e feliz.
Hellen Boghi morou e estudou na Italia e agora está de volta e me parece que veio para ficar. Foi com contentamento que aceitei seu convite para o almoço, queria vê-la, passear pelas ruas hoje banhadas pelo sol e sentir o calor que as caminhadas provocam.
Assim fizemos, almoçamos e pesseamos enquanto ela esperava seu tio que chegaria de Israel. Maxsuel estava com um amigo numa excursão ligada à igreja católica e chegou por volta das seis horas da tarde.
Resolvemos sair todos juntos e caminhar um pouco pela noite romana, o lugar escolhido para o passeio foi a Fontana di trevi, fiquei feliz pela escolha. Os monumentos são iluminados durante a noite e ganham um aspecto que se a noite pode oferecer, foi um prazer ver a fonte iluminada, depois passeamos até as colunas de Adriano.
Meu impacto com tal beleza desenhada também pelas luzes naquele ambiente foi tamanho que não posso deixar de dizer isso aqui. É realmente lindo! fiquei especialmente feliz em fazer esse passeio juntamente com pessoas conhecidas.
Hellen, obrigada pelo passeio e principalmente pela companhia.

quarta-feira, 11 de março de 2009

ruínas


Ruína significa ruir, cair. Em arquitetura significa vestígio ou destroço.
Mas acredito que ruína significa primeiro memória. Memória de que aquilo esteve lá, e que de alguma forma, ainda está, portanto ruína deveria significar "a memória do presente".
Santo Agostinho diz que o tempo tem apenas uma dimensão: O presente. O passado seria o presente revivido e, se é revivido, é presente; e o futuro seria o presente desejado, e, como desejamos, desejamos no presente, então o futuro também é (está) presente, assim, as ruínas que trago hoje neste blog são um pouco de memória do presente.

A história só nos contou uma parte...


Hoje, depois de caminhar muito, cheguei a essa conclusão: a história só nos contou uma parte. Porque é preciso sistematizar os fatos, é preciso dar a eles uma "coerencia", algo perto do "lógico", numa tentativa de facilitar o entendimento... eu acho... e tudo isso, empobrece a apreensão das situações, acontecimentos... toda essa tentativa de alguns historiadores de "sistematizar" os acontecimentos acaba nos levando para a razão e nos priva do deleite da imaginação, do desejo, dos sentidos, da estética.
Sentir o que já foi os tempos de Cesar, Augusto, Traiano, Nerva e Pacis, não é a mesma coisa de saber que eles foram contruidos antes de Cristo, ou que foram encomendados por imperadores tais e tais. Olhar para aquelas ruinas e sentir a exuberante energia e verdadeira crença que perpassou aquele lugar, isso a história não diz... A história não fala do esforço, do entusiasmo, e também da força que se havia de ter prá encontrar sentido em erguer aquelas paredes, aquelas colunas e acreditar que realmente precisavam ser construídas.
Sentimentos de um povo que acabou, que deu origem a tantos povos e a tantos saberes e que hoje não me canso de olhar e sentir.

terça-feira, 10 de março de 2009

Dê-me seu amor porque é dele que preciso.

Noite fresca, daquelas em que se pode colocar camisa de manga comprida, branca. Quase me estranho no espelho, tal é o costume de usar camisetas vermelhas. Bate-papo com Raimundo Carrero, escritor pernambucano sobre criação de narrativas. Não conheço o escritor, mas me interesso por todo bate-papo de escritor que ousa falar sobre criação literária, trata-se do sujeito que fala de dentro e de fora da questão. Centro da cidade, chego cedo, tomo café sem ceder às ofertas de bolos e quitutes. Carrero lança o livro “Os Segredos da ficção”, leio a introdução fabulosa e encanto-me com o percurso dele. Ele fala, entre um caso engraçado e outro, lembrando Ariano Suassuna, que não confia em talento, não confia em inspiração, não confia em estilo, fala de transpiração e fecha: devemos racionalizar o trabalho não a invenção. Seduz o auditório e aumenta minha demanda de leitura de livros de formação: Flaubert: Educação sentimental” e outra que nem conhecia de longe: “A História de um coração humilde”, Osman Lins, “Avalovara” que me espera na estante, e me seduz tanto que imediatamente lerei a página de abertura deste romance, Clarice Linspector: “A Hora da estrela”, acrescento Goethe, sem certeza do título, Wilhelmeister. Do próprio Carrero: “Ao Redor de um escorpião e uma tarântula”. Ensina sobre os três “eus”: o eu ficcional, o eu confessional, o alter ego e também os três “eles”. Mas o melhor mesmo é a fé expressa: “literatura é a maravilha das maravilhas! Acredito na literatura como elemento capaz de mudar minha vida e capaz de mudar o mundo”. Carrego a lição: quando se começa a escrever a primeira coisa a fazer é criar o narrador, um autor não diz, um autor narra, escritor não tem estilo, quem tem estilo é o personagem, nenhum autor está no livro, quem está no livro é o narrador. Começo a digerir tudo isso no ônibus. Trago coisa suficiente para ficar excitado. Pelo viso não dormirei bem hoje. Dê-me seu amor porque é dele que eu preciso.

LE TEXT


Passo boa parte da tarde escrevendo um pequeno texto (em francês) sobre minha fotografia, especialmente as que participarão do Festival do nu de Arles. Será que ficou bom? Está cheio de erros, a galerista disse-me que corrigirá, até lá está em construção.

Faire Photos de nu pour moi c´est ne pas seulement une question de forme
mais aussi de voir le corps, voir une femme nue et s´interesser pour ces courbes, pour ça peau, pour ça coeuler, pour ça façon de parler et ça façon d´etre.
Parmis touts le preocupations et tensions de la vie moderne c´est bon et revissant passer tout une a pret midi en regtardant une modele nue et en la photografiant.
Je photograph dans mon atelier, dans des bois, dans des maison, dans la chambre, dans la salle de ban, dans la sale à manger, sans aucun artifíce d´ ilumination ou manipulation par ordinatoire. Il ne faut que avoir la camera à la main, la modéle et la lumiére que permettre voir les choses. Avec cela j´arrisque à arriver si pret que cela devient surprenant, inconnu, pertubateur.
Je cherche à photographier touts les moviments possibles dans un raporte amoreuse, ou dans la vie cotidienne dans la maison, sans honte du corps, sans pudeur, mais en regardant dans toutes les formes, formes de beauté.
Cet atitude est à la origine de tous mes series photografiques

ato sensorial II

Como é bom redescobrir, ou descobrir, não sei, o sabor das coisas... Ontem comprei um pé de alface, que delícia! aquela alface assim fresca, regada no azeite e sal. Que maravilha!
Hoje, comi mais alfaces. Estou descobrindo o por que que minha mãe dizia sempre que estragar comida ou jogar comida fora é um "pecado"...
Comparado com os preços do Brasil, a comida aqui é muito cara, frutas nem se fala. Ainda bem que não como, ou melhor, não me faz falta a carne. Agora são 15;30 aqui, hora do cafezinho da tarde no Brasil, não posso deixar de me lembrar do pão de queijo com café da cantina do Metrópolis.
Bem, farei meu parco café e continuarei meus estudos sob os 20 graus que faz dentro de casa.

segunda-feira, 9 de março de 2009

em casa

Chegar em casa, depois de um dia frio, me faz pensar imediatamente em você querido.
Você adoraria estar aqui agora, para tomarmos uma chicará de chá juntos, conversarmos um pouco mais sobre as belezas desta cidade e lermos em vóz alta um romance qualquer para preencher o vazio que o silência ora faz-se.
Chegar em casa, depois do primeiro dia de aula, me faz pensar imediatamente em você.
Gostaria de trocar as impressões da aula, do conteúdo e fazer dessa experiencia também um ato de amor, um amor já explícito entre nós... afinal foi assim que nos conhecemos... estudando e nos descobrindo como pessoas e como parceiros na arte, no amor, na vida cotidiana.
Ao chegar em casa, dediquei este dia à você, com uma chicará de chá e a leitura, embora solitária, do livro Servidão Humana.

A promessa de um almoço

Quando decidi aprender italiano, ainda em Vitória, procurei uma pessoa que me pudesse ajudar nas traduções das cartas para o contato inicial com a professora Isabella Pezzini. Cheguei até a Hellen Boghi, uma professora de italiano do centro de linguas da Ufes que havia morado e estudado na Italia durante 7 anos.
Uma pessoa especial a Hellen, solicita e atenciosa.
Ela me auxiliou durante um período pequeno em Vitória, pois já estava de passagem marcada para voltar a viver na Italia.
Fizemos algum contato durante esse ano que ela voltou a viver fora do Brasil, e quando cheguei aqui, recebi um email dela pedindo noticias minhas... quando eu chegaria, onde ficaria e asim por diante... Quando ela soube que eu já estava em Roma ficou muito feliz e me chamou para tomarmos um café algum dia desses que ela passará por Roma.
Hoje ela me chamou no skype, marcamos um almoço prá quinta feira! será muito bom vê-la!

Primeiro dia de aula

Hoje foi meu primeiro dia de aula.
A universidade em que estudo, acontece esparramada pela cidade, existem tantas salas soltas pelas ruas e vielas, quantas forem as necessidades dos estudantes. Desse modo não fui à Sapienza ter aulas, mas sim num ex-cinema, num auditório imenso e gelado, com piso de cimento frio que fez meu pé congelar em cinco minutos.
O clima da aula manteve-se numa formalidade incrível, a professora falava num microfone do alto de um palco e tinha ao seu lado uma assistente que anotava tudo o que ela precisava. A aula começou pontualmente e, às 10:30 intervalo para lanche, no retorno, como já era esperado, atrasou um pouco, e menos alunos voltaram para a sala.
Fiquei pensando "como pode esses alunos disperdiçarem tamanha oportunidade?", depois me lembrei que, eu mesma, já fiz isso várias vezes... As coisas mudam de dimensão quando fazemos esforço para acompanhar o entendimento de outra pessoa, em outra lingua, um assunto familiar sim... mas vim até aqui para aprender mais, saber mais... e não deixa de ser dificil entender, mesmo sabendo alguma coisa sobre o conteudo da disciplina.
Conheço pouco da cultura italiana, mas fiquei bastante contente com o modo como a professora me recebeu, não foi calorosa ou acolhedora, foi prática e determinada, mas isso não me fez mal, ao contrário, fez bem... me lembrou que os estudos são coisa séria e devemos nos atentar para isso.
Sai de lá já com uma reunião marcada para quinta feira, sinto que terei trabalho pela frente... ótimo! assim meu tempo passa rápido e construo maiores alicerces na teoria semiótica.
No período da tarde fui buscar informações sobre um curso de italiano gratuito para estrangeiros, soube da existencia desse curso atravez de duas africanas que estavam no ponto de ônibus ontem à tardezinha. Infelizmente não havia mais vagas para curso este mes, mas fiz minha inscrição e espero ser chamada prá próxima turma em um mês, mais ou menos.
Penso que agora as coisas começam a ficar mais claras e eu mais tranquila com o andamento da viagem... enfim estou fazendo o que previa fazer.

NOTICIAS DOMÉSTICAS

Notícias domésticas:
Amada, você disse outro dia que cometeu sua primeira gafe ao chegar em Roma, indo para uma casa de estudantes americanos sem falar ingles. Eu também cometi uma gafe: deixei o arroz queimar na panela, torrar! Mas quando você voltar vai encontrar um secador de cabelos nessa casa, comprei o ontem. Acabo de fazer todos os meus programas de aula deste semestre. Que mais? Ah, a ampliação das fotografias (50x80cm.),
para a exposição na França ficaram lindas, lindas, lindas! Estão ali, enormes, em cima da mesa da sala.
Estou lembrado que hoje é o seu primeiro dia de aula aí. Boas energias!

POR CAUSA DE VOCE


Fui à praia. Caminhei na areia como um estrangeiro. Podia dar um tiro em alguem por causa do sol. Podia amar alguem por causa do sol. Coletei palavras e pensamentos entre a terra e água por causa de voce minha amada. E elas me ensinaram a possibilidade de fazer amizade com o mundo. Valeu a pena.


domingo, 8 de março de 2009

Auguri!!

Foi assim que minha colega de quarto me saudou hoje de manhã.
depois de um minuto de susto, me lembrei... Hoje é o dia internacional da mulher!
Fiquei feliz com a lembrança dela e trocamos um forte abraço.
A cidade estava cheia de flores amarelas, os ambulantes faziam esforço em vender uma flor aos casais que passeavam pela rua.
Aqui, já são 21h30, em alguns lugares o dia internacional da mulher já passou, mas nós ainda temos a oportunidade de dizer: Auguri!!

Quantas Romas haverá numa só?

Hoje, falei longamente com Fefe pelo msn, santa tecnologia! A saudade mesmo não dá prá sanar assim, tão à distância, mas confesso que foi bom saber que ao mesmo tempo estavamos juntos, on line, conversando um com o outro, um do outro, um para o outro.
Quando desliguei o computador, já era o hora do amoço aqui, fiz minha comida frugal e almocei, sai de casa já era passado de duas da tarde.
Decidi que visitaria a famosa feira "Porta Portese", fui até lá e infelizmente ela já estava no fim, mas pude ver bem como funciona a parte informal do mercado romano... Muitos chinese, africanos e até tunisianos, estavam lá... comercializando de tudo, de roupas usadas a 1 euro até malas e artigos de decoração que custavam até 200 euros, tudo isso num italiano muito pior do que o meu.
Fiquei encantada com a diversidade, a curiosa sensação de estar mais perto de casa ao lado de estranhos estrangeiros, mas estrangeiros, como eu.
caminhei por entre as barracas já em estágio avançado de desmontagem, e percebi a quantidade de papel e lixo que se acumulavam nas calçadas.
Todos muito habilmente desfaziam as barracas e arrumavam suas coisas para mais um fim de feira e inicio da próxima.
Os carros, motorinos e vans disputavam lugar entre as pessoas que ainda passeavam pela feira e os feirantes que ainda guardavam seus pertences. A cena era pitoresca, lembrei-me inevitavelmente de ciudad del leste no Paraguai e também nos inúmeros camelódromos que já vi em Londrina e em Vitória. A cena é muito parecida.
Sai de lá e fui em direção ao metrô para fazer uma visita prevista dentro do circuito turistico: O Vaticano.
Já era tarde quando cheguei lá, passava das 17 horas e já começava a fazer frio, caminhei por uma rua paralela a fim de entrar na praça São Pedro. É incrivel a capacidade que esta cidade tem de, de repente, abrir um largo enorme à sua frente como se aquilo ali fosse tudo natural.
Não foi diferente com a praça São Pedro, aliás, estou até agora com dor no pescoço de tanto olhar prá cima, tamanha é a grandiosidade do monumento, não saberia dizer assim, em poucas palavras, como é linda a praça. Atravessei-a, demoradamente, olhando as centenas de colunas justapostas que circunvizinham a entrada da basilica de SãoPedro. No centro da praça, um obelisco e, à sua direita e esquerda, estão duas fontes d'agua circulares muito belas e também muito luminosas.
Continuei caminhando... cheguei até a porta e confesso que tive um misto de sensações, algo entre o medo e o prazer... entrei e me deparei com uma imensidão ed pessoas que visitavam a Basilica em frenetica necessidade de registrar cada momento, olhei, olhei, olhei para o teto, os detalhes das esculturas, os ramos, as ondulações... caminhei mais e percebi que estava havendo missa, e que havia também uma divisão entre a parte que se podia visitar como turista e outra, masi à frente que só entrava quem iria assistir a missa.
Nessa segunda parte está o túmulo de São Pedro, figura fundamental na saga do cristianismo, tive outro impacto: a riqueza.
Entrei e sentei, queria ouvir a missa em italiano, descansei o corpo e acompanhei as preces até o final da missa, ao final saí de lá já de noite...
caminhei agora pela entrada principal do Vaticano, a via Della Consigliazione, e parei de frente para o Vaticano, quando alcancei distancia suficiente para olhar pra traz e admirar as luzes acesas desenhando um contorno claro na noite escura até chegar ás colunas que margeiam a basilica.
Continuei meu caminho, agora de costas para a basilica e encontrei ao final da via della consigliazione, uma pista de gelo, com muitos jovens patinando ao som de musica americana. A pista fortemente iluminada em azul e verde dava a sensação que os jovens voavam, um espetáculo à parte.
Infelizmente minha máquina estava sem baterias, e não pude fotografar, mas prometi prá mim mesma voltar lá e registrar tudo.
Não sei exatamente a resposta à pergunta desta postagem, mas arrisco um palpite: haverá tantas Romas quantos forem nossos passeios por ela.

ENTRE RUINAS E TOMATES


Ela foi a porta portese comprar roupa, eu fui a feira do bairro. Gosto de fotografar esta feira, as frutas que vejo e conversar com as pessoas. Fiz isso. Compro algumas verduras, queijo e fotografo. Fotografo errando. Aluz está forte, queima a visão. Súbito vejo uns tomates vermelhos envolvido de sombra e uma mão lá no fundo colocando frutas em uma balança. Fotografo quase sem ver. Deixo-me levar pelo vermelho. Meu filho um dia me falou: pai eu sei a cor que voce mais gosta, eu perguntei qual: ele respondeu: vermelho. Só porque tenho umas dez camisetas vermelhas. Penso no passeio que ela está fazendo agora, pelas ruas de Roma e me sInto fazendo um percurso parecido, ela entre as ruinas romanas eu entre tomates, bananas, alfaces, melões, maçãs, jacas... uma riqueza de cores, de formas e gostos bonitos de ver.

DIA DA MULHER

Querida,
Escuto na tv que hoje é o dia da mulher. Trabalhei o dia todo sem pensar nisso. Mas agora que sei, trago lhe como presente alguns momentos do meu dia,
nos quais você esteve muito presente.
Encontro com tutores na UFES, conheci alguns tutores legais e interessados, o bate-papo foi bom e proveitoso, e eu sabia que naqueles momentos você estava conosco.
À tarde – arte-terapia. Fui para sala me sentido um pouco cansado, desejando mais estar na praia, erro do meu desejo, era ali mesmo que eu devia estar, para a emoção e a gratificante sensação ter comunicado algo que eu ia sentir no final. Comecei o trabalho fazendo o exercício de respiração (expiração e inspiração) e brinquei, inspirem por que isso dá da inspiração e no silêncio deste começo os desenhos e textos dos alunos animaram a sala e mudou a aula, acabei propondo novo exercício, na mesma linha do primeiro, aprofundando a experiência. Foi emocionante. Houve momentos de humor, nos quais rimos até às lágrimas e ao final vieram relatos emocionados e corajosos que levaram às lágrimas. Foi um encontro gestação. Voltei para casa vitalizado com a boa sensação de ter transmitido uma emoção, de ter reenviado o aluno ao encontro consigo mesmo, como escreve J. Larossa.

Na tv, o jornal fala da dia da mulher. O dia já é seu, eu lhe dedico este trabalho, feito em parte com você que me acompanha verdadeiramente em nosso propósito de vida.
Beijo amoroso.
Seu Fefê

sábado, 7 de março de 2009

Encontros

Não sei se vocês já tiveram essa sensação, mas, eu estou me descobrindo a cada dia mais brasileira, mais sabendo onde é meu lugar e como eu quero viver....
Está sendo um aprendizado muito grande prá mim essa viagem, essa estada temporária aqui na Italia, Aprendizado de Vida, Amor, Dor, Superação, e também de Encontro.
Encontro com aquele que amo, e como isso fica cada vez mais claro em minha vida.
Encontro com meu passado histórico e familiar.
Encontro com pessoas que se propõem em ajudar.
Encontro enfim com o saber.
Mas todos esses encontros tem sua origem aí, no Brasil, em Vitória, em Londrina...
Minhas cidades, cidades que ora de foram dadas, ora foram por mim escolhidas...
Por isso deixo aqui meu endereço.. terei muito prazer em receber aquelas antigas cartas, que hoje pouca gente escreve, e terei também prazer em respondê-las...
Via Battista Bardanzellu, 67 - interno 4
quartieri: Colli Dell'Aniene
CAP 00155
Roma Italia.

Meu pedido, meu desejo...


Segui uma caminho imaginário, nesta cidade de tantos passados e tantos presentes.
Caminhei, caminhei...
Decidi encontrar a fontana de trevi, não foi difícil, a contar pelos vendedores ambulantes que sempre procuram lugares onde há muita concentração de pessoas, e também pelo fluxo da cidade que se dirigia para a fontana, como uma torre de babel ou uma serpente de babel, que deslizava pelas ruas úmidas de roma que em todas as linguas perguntava onde está ela, onde está ela...
Ela está lá, impávida, e nós vamos até ela com desejos, pedidos a serem feitos prá serem realizados, por nós mesmos, pedidos que se repetem e que são sempre novos... saúde, amor, paz...
Quando o largo da praça se abriu aos meus olhos, foi como se um véu caisse da frente de meus olhos e enfim eu pudesse ver aquela beleza triunfal...
Não me refiro somente a escultura alí posta, aquele monumento de grandeza inigualável, mas também às pessoas, aglomeradas ali, á sua volta... olhando, fotografando e enfim jogando suas moedinhas na fonte, fazendo os pedidos e fotografando este momento que poderá ser único.
Decidi não jogar minha moedinha na fontana hoje... Espero pelo Fefe que logo estará aqui comigo, e como ele ajudará (sempre ajuda) a realizar meus pedidos,desejos, sonhos, quero, com ele, jogar minha moedinha na Fontana di Trevi, pois eu já seu o que vou pedir...

Primeiro sábado em Roma.



Saí de manhã de casa, o sol estava aparecendo timidamente, mas o céu já estava azul, enfim pude deixar a sombrinha em casa. Como de costume, peguei um ônibus (309) para a estação de metrô S. M. del Socorsso e de lá segui pela linha B sentido Laurentina, desci na estação termini e peguei a linha A no sentido Batistinni, parei na estação Piazza di Spagna.
Durante todo o trajeto fui acompanhada pelo livro que Fefe me deu na saída de casa no dia da minha viagem "Servidão humana", livro apaixonante, me etive tanto na leitura que não vi o tempo passar.
Na hora em que saí da estação segui a pé pro meu destino, correios. Gosto daquela agencia do correio, é grande, confortável, quente e tem grandes bancos prá gente se sentar à vontade, para escrever as cartas, endereçá-las e enfim ser atendida no balcão.
Foi lá que, ontem, abri minha conta corrente e dei entrada no meu "permesso di soggiorno".
saí dos correios já passado das 11 da manhã, sentei-me do lado de fora e pela primeira vez peguei meu mapa turistico.
Tracei o destino: Fontana di trevi. Mas as belezas do caminho me foram tomando de lá prá cá e a fontana foi ficando prá depois.
Passei pela Piazza Colonna e depois me sentei para comer minha maça, já devia ser aproximadamente 12:30 ou mais...
O lugar escolhido para comer foi na porte de uma Igreja, havia tanta gente lá... o colorido era lindo, as luzes do sol que enfim brilhava forte, pessoas sentadas na calçada da igreja, nos degraus, apreciando uma dança de rua, algo parecido com o hip hop ao som de musicas italianas.
Os jovens, mais ou menos 5, faziam acrobacias incríveis, em duplas, trios e também um só rapaz era capaz de atrair a atenção de muita gente.
Fiquei ali sentada, vendo o espetáculo e depois o pedido de incentivo para continuar a apresentação.
O sol se movia rapidamente e logo, eu que estava no sol, agora já fazia sombra. me levantei e passei a caminhar novamente.

O ESCURO É COMO UMA PAREDE

Fui à praia, andar na areia, ouvir o barulho do mar.Estava anoitecendo. O dia se fazia e se fez escuro e eu não tinha outra coisa a fazer do que ver o escuro, sentir o escuro, ali sentado sem ninguem. O vento fresco brincava com as ondas, com a minha roupa, com a minha pele e entrava em meus pulmões, a cada respiração minha nos tornavamos um só, percebi ser parte de tudo aquilo que estava vendo.

Quando pela primeira vez pensei em morar perto do mar, pensei no espaço que se abre para as vistas e para o ser na lida diária. Vivi esse espaço ali no escuro.

Sentei-me na areia com as pernas cruzadas e fiz minha meditação da noite; lembrei-me dos monges que meditam voltados para a parede. O escuro é como uma parede, o lugar mais difícil para se estar. Pensei em voce, agradecido pela sua atenção, dedicação e amor. Quando me levantei o som do mar foi ficando distante e o da cidade próximo, entrei nele, estou nele, mas tudo é silêncio.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Você na Piazza Navona

Meu amor, você conhece este lugar não?
Pois é, ontem, depois de um dia cheio, fui até lá prá te encontrar. Você já expôs nesta embaixada, a embaixada do Brasil na Itália.... você estava lá, como que me abraçando e com o vento forte trazendo seu beijo prá mim, um beijo que eu quero tanto.
Com tanto sentimento assim, só podia ter dado tudo certo. Fui bem atendida e me senti realmente bem perto de você.
A praça estava cheia, e fiquei olhando as pessoas conversarem em diversos idiomas diferentes do meu, e eu pensei: " Ninguém aqui é mais feliz do que eu".
Querido eu te amo.

Passeio desavisado

É realmente incrível passear pela cidade ou mesmo correr pelas ruas para resolver assuntos burocráticos e encontrar uma ruína romana logo alí...
Hoje depois de sair dos correios com a boa promessa de abertura de conta, peguei um ônibus que, acreditava eu, me levasse para um outro ponto da cidade em que eu devia tentar acertar minha estada na Itália, mas... era o ônibus errado, ou certo, não sei mais...
Digo isso porque a linha do ônibus que estava era longa e diversificada passou por uma rua chamada San Andrea della Vale, que nada mais nada menos me permitiu vem uma coluna corintia de sabe-se lá certo qual sua data, tomei um verdadeiro susto, aquilo tudo que estava nos meus livros de sexta série (acho que é isso) está lá naquela rua!!
Depois, no mesmo ônibus, passei por imensas ruínas na Piazza Dora Coeli! nem sei ao certo tudo o que vi, anotei o número do ônibus (é o 70) para depois visitar calmamente esses lugares, eles merecem mais do que foto, merecem contemplação.

quinta-feira, 5 de março de 2009

UMA MULHER BOA.

Dri, bom ver suas fotos e rever partes de Roma com voce.
Isso me encoraja estar por aqui e continuar o trabalho, até a gente se encontrar.
Imagino a surpresa em seu rosto, nos seus olhos ao se depara com o coliseu, os romanos vestidos a carater para fografia turisticas, os tialianos falando alto e a cidade com centenas de monumento históricos em quase todos quarteirões. Algumas vezes me senti solitário nessas ruas, outras fiquei deslumbrado na companhia de outros jovens desconhecidos, mas sempre encantado.
A sua história com a velhinha me tocou de sobremaniera,
fico feliz que voce tenha ouvido de alguem algo que jé lhe disse,
voce é uma mulher muito boa e depois dos ultimos acontecimentos
que vivemos, da retomada de propósitos que tinhamos esquecidos,
da ajuda mútua vivenciada, do apoio e da confiança incondicional,
esta bondade ganha espaço e e colorido e as pessoa que a cercam testemunham isso.

ONDE VOCE ESTIVER


Algumas aquarelas que desenhei esses dias.
Elas tratam da leveza que mesmo as coisas duras ou pesadas têm.
A primeira tem o título "Exercício para aceitar os fatos", a segunda: "onde você estiver"










05 de março

Depois de tantos desencontros burocráticos, Roma me deu um presente.
Ao sair da estação termini em disparada para pegar um ônibus para a Pizza Navona, para a embaixada brasileira, ouvi alguém chamando "signorina" na minha direção, olhei para trás e vi uma senhora bastante idosa e aparentemente muito fraca me pedindo ajuda.
Pensei, "como ajudar essa senhora se mal falo o italiano?" mas entendi que ela queria apenas companhia para caminhar até ao termini.
Ela era bastante pequena, curvada na coluna, olhos claros cobertos pelo óculos grande, usava roupas elegantes e bastante perfumadas.
Diminui meu ritmo, passeia a caminhar ao lado dela, porque ela tinha medo de faze-lo sozinha ali naquele amontoado de gente, e fomos conversando, falamos sobre muitas coisas: viagens, saúde, familia, comoela andava bem devagar, tivemos tempo prá falar um pouco mais.
Num dado momento ela pediu minha mão prá descer o meio fio e me disse que todos deviam pensr que eramos mãe e filha, ao fianl de nossa jornada trocamos telefone e ela me disse que sabia que eu era uma pessoa boa, que pararia para acompanhá-la... fiquei emocionada.
Foi meu presente de hoje.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Turista solitária

Piazza della Republica
















Estava caminhando "dritto" como dizem os italianos, e vi uma igreja ao final da rua, pensei, vou caminhar até lá para visitá-la, quando me aproximo dela e paro no sinal para atravessar a rua, olho para minha direita e vejo essa paisagem... mudei o destino da visita, passeei na praça, entrei na Igreja de N. Sra dos Anjos, e depois fui visitar aquela que tinha avistado primeiro.

Segundo dia em Roma,
De manhã,
contaminada pelas palavras do Fefe,
Apurei meu olhar para ver a cidade,
encontri, sem querer, a praça da republica, linda...
mas depois me atentei para minhas obrigações
E a cidade ainda me é estranha e tenho a sensação de que será sempre,
caminho pelas ruas, tenho feito quase tudo a pé... olho para a arquitetura e
sinto uma espécie de liquidação, tudo é tão intenso no centro histórico,
que tudo acaba virando uma paisagem comum,
talvez por isso apenas os turistas se sentem na frente do coliseu prá olhar...
Ocupei meu dia resolvendo coisas burocraticos, e haja burocracia na Itália,
Filas de bancos também!!!
Fui a um departamento publico buscar um determinado documento para a abertuda da conta
e passeei por caminhos não turisticos,
onde a vida parece ser bem comum, bem tranquila....
optei em terminar o dia, antes da mudança de casa, com uma passada ao Coliseu.
Um espetáculo!
Já estava tão cansada, mas mesmo assim, resolvi caminhar..
fiquei sentada sozinha numa espécie de banco...
Queria a sua companhia meu bem, queria que vc estivesse junto de mim
nesse momento...
Eu estava em frente ao coliseu!!! incrível!!!

terça-feira, 3 de março de 2009



Dia de chuva em Roma, o sol saiu timidamente em alguns momentos do dia.

O desenho do sol na área de entrada de minha futura casa. Esse mesmo sol me esquentou as mãos hoje.
Vim visitar a primeira casa onde desejo morar, estou a espera do rapaz que me fará vê-la.
Sinto frio nas mãos, lembrei de Fefê que me disse para comprar luvas, mas acho desnecessário. São Mais ou menos uma da tarde, o sol saiu e os alunos que encerram suas aulas de manhã voltam para casa em grupo, cantarolando e conversando na rua. Olho o sol, tenho vontade de ficar ali naquela nesga de sol para me aquecer.... vou fazer isso.

primeira besteira em Roma

Cheguei ao albergue Roma Inn mais ou menos à 9 ou 10 horas, não sei ao certo.
Subi até o primeiro andar e descobri que havia feito reserva num albergue para americanos, ou seja, ninguém falava italiano.
Eu com meu parco inglês, tipo " the books on the table" não consegui me comunicar quase nada.
Saí rápido e fui comprar cartão telefonico para ligar e ver se arrumava uma casa para morar. Imaginem só...

ato sensorial I

há muito não via sair fumacinha (que não fosse cigarros) da boca das pessoas, e da minha inclusive. Quando coloquei os pés fora do aeroporto havia uma sinfonia de falas italianas que a cada sílaba expelia a fumaça tipica do frio, aí esteve a primeira sensação: frio.
Nada exagerado, é verdade, o bom casaco que Maria me emprestou caiu muito bem.
Depois de andar muitoa até chagar à estação do trem sentei suada já sem frio nenhum.
O dia estava como prevera Fefe, um friozinho e garou, que é suficiente para gelar o suor e me fazer procurar novamente a jaqueta.
Na estação Leonardo Express peguei o trem para o Termini, a viagem durou cerca de 35 minutos e custou 11 euros, da janela do trem eu via os raios de sol que de repente surgirampor tras das nuvens e logo se escondiam novamente.
A paisagem ora se mostrava numa estética periférica bem brasileira, ora surgiam construções em estilo renascentista. Um belo contraste... quase música.
Chegando ao Termini, comprei outro bilhete pata o metrô e me dirigi à estação B, sentido Laurentina, muita gente na espera. peguei o trem e saltei uma estação depois, em Cavour, caminhei o restante do percurso até chegar ao albergue.

II

Cheguei em São Paulo às 11:11 da manhã.
Onze, número primo, que se divide somente por ele mesmo,
O que este número teria conosco?

02 de março

um dia difícil de esquecer...
Há em meu sentimento um misto de sentimentos. A alegria de uma possivel conquista, a viagem.
A saudade de deixar alguém tão especial em Vitória, você.
E a certeza de que volto prá te encontrar..
E o encontrarei esperando no mesmo lugar em que nos despedimos no dia 02.
Meu bem, agora me sinto mais calma, acreditando nos possíveis benefícios que essa distãncia nos trará. Na sala de embraque fiquei pouco tempo, carregando mochila e blusa, lá fui eu embaixo do sol de vitória até uma aeronave distante do balcão de observação. Olhei para tráz quando já era possivel avistar o balcão, ascenei freneticamente do chão, onde estava... continuei ascenando ao subir as escadas.
Eu não vi nada, apenas janelas de vidros escuros, mas sabie e sentia que você estava lá, você estava se despedindo de mim, num "até breve" lacrimejante como eu.
Embarquei com vontade de te encontrar sentado numa poltrona me esperando, mas sabia que você não estava lá, sabia que teria que enfrentar meus medos sozinha, ou, no máximo, com ajuda das palavras faladas e escritas.

FOI ASSIM QUE NOS DESPEDIMOS

Acordo à 4:00 da manha com um pensamento:
Dri já chegou em Roma. Imagino-a no aeroporto ou na estação de trem. Espaços enormes, cheio de gente e ela procurando se encontrar.

Faço o meu desenho - linha do dia para ela, para nós, para que possamos curtir essa distância e tudo o que nos une atrvez de qualquer distância.
Encontro a última foto que fiz dela, embarcando. A imagem trêmula e seu bonito sorriso. Foi assim que nos despedimos, chorando e sorrindo por esta realização .

segunda-feira, 2 de março de 2009

Não ter ninguem a esperar em casa


Passei o dia sem almoçar. Não senti fome. Finalzinho da tarde fiz pilates e depois caminhei por uma hora. Cheguei em casa já noite.
É estranho não ter ninguem a esperar em casa
ou nnguem para chegar.
Penso em voce e agarro-me a este pensamento
para habitar, com você, esta casa e vencer a noite.
Sento-me à mesa para tomar um chá, sossegado e só. Quantas vezes me sentarei aqui assim?
Dá um silêncio enorme na sala.
Penso em voce meu amor e quase a vejo aqui comigo como tantas vezes ja fizemos! venha tomar chá comigo! Chá verde, queijo, pão e tarrine.
Anexo a foto do nosso delicioso almoço com os nossos amigos gourmet.

SABIA QUE VOCE ESTAVA ALI




Querida, Voce viajou. Choramos na despedida e na véspera. Mas não foi apenas choro, foi também sorriso, palavras, promessas e compromisso.
Sei bem que ainda choraremos e também sorriremos daqui e de lá até de novo nos encontrarmos. Assiti ao seu embarque da cabine de espera.
O avião estava longe, mal dava para destinguir as pessoas subindo a escada do avião.
Não contava reconhecê-la naquela distância e ainda mais atravez do vidro com reflexos.
Mas fiquei assitindo, sabia que voce estava ali, não era só questão de ver,
mesmo eu não vendo, voce estava subindo naquele avião.
Sei que voce também não poderia me ver, mas uma coisa era certa, voce sabia que eu estava ali, isso era real. Subito, vejo uma blusa rosa e uma cabeleira loira, parada na escada olhando para tras, procurando alguem impossível de se ver, era voce, parou tres vezes e acenou com a mão.
Voce não podia me ver mas sabia que eu esava ali. Acenei também, como outros ao meu lado acenaram se despedindo do seus, sabíamos que não éramos vistos, mas sabiamos
que sabiam que estávamos ali. Guardei a cena no coração e em um pequeno vídeo e em uma fotografia, anexo.

Vai avião leve o meu amor, disse baixinho, voe bem, voe com segurança, porque está levando um tesouro, uma parte de mim, uma parte de tantos aqui do meu lado. Leve todos com segurança. Nossos pensamentos te seguirão céu adentro e continuarão te seguindo mesmo quando não soubermos onde estás.

Esperei o tempo da partida, fotografei o céu à minha frente, descobri uma nuvem branca solitária no céu azul celeste. Uma nuvem tão solitária quanto eu naquele instante. Segui fotografando-a todo o tempo de espera, mas ela não esperou. Aparentemente parada, na verdade, ela estava em movimento e a cada dois ou três minutos que fotografava via a desaparecendo até ficar só o azul celeste. Sumiu como se não tivesse existido, mas eu sabia que ela tinha estado ali e que agora estava no azul, quando o avião da Tam passou levando voce.
Ficou o infinito, e nele estão voce, a nuvem, nossos sentimentos.

Cheguei em casa quarenta minutos depois. Sabia que ía encontrar o apartamento com um sentimento de vazio. Eu vi o vazio, mas o vazio estava cheio de voce. Vi o brilho do chão, agora parendo maior e mais espaçoso, vi seu chinelo vermelho havaina e pensei ah, ela devia tê-lo levado, vai precisar de um lá! Vi as chícaras que tomamos chá, um chá morno e suave, no lugar do café, como da primeira vez que nos encontramos em fevereiro de 2001, na Universidade Estadual de Londrina-Pr. Passei pela porta do quarto onde dormimos e, de relance vi uma imagem que me deu um susto, o lençol enrolado pareceu cobrir um corpo, por um instante pensei que era você ali, dormindo. Você não estava ali, mas eu a vi. Pendurei a toalha molhada do nosso banho e da nossa sede insaciável de fazer amor. Andei pelo apartamento vazio, em silencio, sentindo este vazio pleno de você e me sentei em frente ao computador.

domingo, 1 de março de 2009

A ISSO CHAMO COMPROMISSO

Querida,
a viagem de São Paulo a Londrina foi tranquila. Chguei cedo. No trajeto fiquei imaginando voce chegando, naquele mesmo horário no Rio de Janeiro. Porque viajamos ao mesmo tempo para lugares diferentes, justo no momento de sua viagem para Roma? Sem saber responder, peguei o meu caderninho e começei a lhe escrever para ter sua companhia nesta manhã, nesta cidade onde nos conhecemos um dia, onde começamos nossa história e onde sempre retornamos, você para rever seus pais eu para rever meus filhos.
Mudei tantas vezes de lugar! Há momentos que me sinto desterritorializado, isso me dá a sensação boa de pertencer a todos os lugares, outros momento sinto a a angústia de não ter lugar nenjum, não ter chão, a sensação de ser sempre um estrangeiro. Nesse terreno movediço, caminhar com você é meu porto mais seguro. Onde quer que você esteja, lembre-se disso, é a isso que chamo compromisso.
Cheguei em casa amanhecendo. O nosso amigo Peixe estava naturalmente dormindo. Manhã clara e fresca. Fiz o caminho do ponto do ônibus à porta do atelier caminhando devagar, sentindo o cheiro do capim orvalhado, escutando cachorros latindo, cantos de passarinhos, roncos de carros do outro lado do vale. Vi um bando de rolinhas caminhando na beira do asfalto. Vi o flambyant que plantamos na rua Julio Zanetti está gigante, forte, as raizes estufaram a calçada toda, arrisca derrubar o muro; na rua de baixo (rua Yvete dias da Silva), vi o coqueiro que plantamos, está crescendo, bonito, jovem, mas está balançando por causa da forte chuva de ontem, combinei com Peixe de escorá-lo com madeira para que ele não cair. Podei-o dos matos que se enroscavam nele e ele se mostra mais vistoso. Daqui há uns dez anos talvez possamos vê-lo grande e dando cocos; é a isso que chamo compromisso.
Na frente do portão, passo longo tempo escutando os ruidos do bosque: um bem-te-vi canta bonito, a água faz um doce marulhar entre as pedras la embaixo, no fundo do vale, as árvores galançam num farfalhar suave. Lembro-me das vezes que essa árvores balançando loucas com o vento, se jogavam para lá e para cá, arrancando os cabelos, qubrando galhos, rugindo como bichos numa verdadeira luta no ar, ou era dança? Ou estavam fazendo amor? Agora ambos se acariciam calmos, falam em voz baixa, contam segredos de ventos e de árvores e juntos vêem a manha nascer e juntos deixam o tempo existir, a isso chamo compromisso. Bom dia meu amor.

Véspera é também futuro...



Eis aqui as minhas razões para voltar,
E os meus motivos para ficar...

Também chamamos o presente de véspera.

Querido,
Você chega hoje de Londrina, domingo de sol aqui em Vitória, seu voo não terá problemas para pousar... estarei lá, no saguão do aeroporto te esperando, como já fiz tantas vezes... como ainda farei muitas.
Amanhã é seu dia de me acompanhar ao aeroporto, viajo prá Roma, uma estada curta porém cheia de emoções que ficam aqui e que me acompanham também.
Entre todas as coisas que vivemos nos últimos tempos, aquela que levarei comigo todos os dias será nossa viagem de carnaval e as palavras, carinhos, gestos, suores e cheiros que trocamos.
Sentirei saudades, acho que já sinto...
Meu beijo quente prá você...
sua