quinta-feira, 19 de março de 2009

Dia incomum

Em busca de aprimorar a lingua italiana, procurei no google.it algum curso de italiano para estrangeiros. Encontrei um oferecido pela Cáritas( instituição de assistencia social ligado à igreja católica). Estive lá semana passada e me pediram que voltasse nesta quinta-feira.
Cheguei cedo, por volta das 9h, havia muita gente e procurei me encontrar na bagunça que se apresentava alí.
Uma jovem senhora que também esperava atendimento me disse que eu precisava fazer uma inscrição para ser atendida, então fui à sala vizinha e fiz meu pedido de atendimento.
Voltei à primeira sala e me sentei a espera do teste de nivelamento para o inicio das aulas. Uma senhora me chamou e começamos a conversar, ela me disse que tenho um nivel de italiano alto para os estudos que a caritas oferecia, e me disse que esperasse mais para ver se haveria uma possibilidade de iniciar um curso de conversação.
Voltei para a sala de espera e notei que ao aproximar-se das 10hs a sala começou a ser ocupada por muitas pessoas, a maioria negros.
Ao meu ladosentou-se um rapaz de aspecto oriental, magro e bastante desenvolto no italiano; puxou assunto... começamos a conversar e perguntei a ele de onde era, ele com um semblante desapontado, me respondeu que era do Afeganistão e explicou em seguida que seu país estava em guerra a muitos anos, e que não era possivel viver lá, explicou também que já faz 5 anos que ele deixou o país, morou no irã, egito e tantos outros lugares. Ele era um refugiado de guerra.
Só então comecei a entender o real serviço da cáritas em Roma, sua principal demanda eram os refugiados.
Os atendimentos começaram e os mais diversos idiomas começaram a surgir. Pessoas da Ngéria e Marrocos faziam a maioria do publico ali prsente, mas havia também uma pessoa do México e eu, brasileira.
Nessa altura, já sabia que a cáritas nada poderia me oferecer, mas quiz ficar até o final e ver comoaquela confusão de idiomas e interesses se resolveria ao fim do meio dia.
Estavamos em mais ou menos 50 pessoas e eu me sintia a "massai branca", fiquei na minha, ora lendo, ora escrevendo e a sala começou a se esvaziar, só estavamos eu e mais duas pessoas ali esperando... um senhor me chamou prá entrar e me perguntou seeu precisava de alojamento, respondi que não, apenas queria estudar italiano, ele me fez sentar numa outra sala e disse que esperasse mais um pouco..
A espera valeu, não pelo que a Cáritas pode fazer por mim, pois eu estava certa, ali haviam pessoas que muito mais do que careciam de ajuda, mas, pela pessoa que me atendeu. Era uma senhora, muito magra cujos dentes saltavam da boca numa fala regada a sorrisos. Ela me acolheu com a frase "que belo acento em sua pronuncia" não sei se ela se referia ao meu acento brasileiro ou se eu pronunciei bem as palavras, mas isso não interessa.
A senhora olhou-me longamente e disse que se eu precisasse realmente de ajuda era possível consguir um auxilio financeiro e também alojamento, expliquei a ela que estava ali por outros motivos ( o estudo) e ela logo sacou de sua gaveta uma lista imensa de escolas de italiano para estrangeiros e me fez ver com ela quais eram mais proximas de minha casa, depois, ainda não stisfeita, sacou outra lista, de comunidade brasileiras que vivem em Roma e que fazem feijoada todas as quintas e sextas-feiras.
Ao final arriscou algumas palavras em portugues e me fez rir um pouco com as histórias de brasileiros que ela conhece.
Foi um dia incomum, é verdade...

3 comentários:

  1. ...
    ...me emociona...seu falar...sua vivência...
    ...amo vc...bjos... zil.

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  2. Me emociono largamente com cada fato,cada leitura de seus textos é vida brotando e florescendo em encantamento.... que maravilha, maninha... voce é um presente... uma dádiva para quem te conhece e conhecerá no longo percurso de sua existencia. Parabens ! te amo

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